No Céu da Memória
Cabelos ralos,
tão branquinhos,
ao vento leve
da noite clara…
Olhos lá em cima,
na lua antiga…
O pescoço dói,
a mente flutua,
o tempo gira
fora do eixo…
Saudades
da dona do dedo
que apontava
o santo e o dragão…
Velho e cansado
o corpo treme,
espreme-se em memórias,…
liquidifica o pensamento
e qualquer palavra
que se diga…
Saudades da dona do dedo
que apontava o caminho…
Quanto mais trêmula a voz
mais bonitas as histórias…
Dias de pura magia…
Céu coalhado de poesia
e ingênua esperança…
Infinitas estrelas…
Quase tantas
quanto os sonhos
de criança…
(Entre um cochilo e outro,
a voz que é estorvo e carinho:
– Vovó! Dormindo de novo?!
– Não! Não estava dormindo!
Só estava recordando…
– Lembrar pode doer, vovó…
– Querida,
já tenho idade para saber
que toda saudade
combina dor e prazer…)
Saudades
da dona do dedo
que apontava o santo,
o dragão,
o caminho…
A lua, as estrelas, o céu,
o jardim…
nunca mais serão os mesmos…
(- Vó, vamos entrar…
A noite está ficando muito fria…)
ju rigoni (2002)
Para Dora, minha inesquecível avó materna.
Visite também Fundo de Mim II, Dormentes e Navegando…
legal!!!!!!!!!!
uito legal amei
eu amo minha avó