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No Céu da Memória

Cabelos ralos,
tão branquinhos,
ao vento leve
da noite clara…
Olhos lá em cima,
na lua antiga…
O pescoço dói,
a mente flutua,
o tempo gira
fora do eixo…

Saudades
da dona do dedo
que apontava
o santo e o dragão…

Velho e cansado
o corpo treme,
espreme-se em memórias,…
liquidifica o pensamento
e qualquer palavra
que se diga…

Saudades da dona do dedo
que apontava o caminho…
Quanto mais trêmula a voz
mais bonitas as histórias…

Dias de pura magia…
Céu coalhado de poesia
e ingênua esperança…
Infinitas estrelas…
Quase tantas
quanto os sonhos
de criança…

(Entre um cochilo e outro,
a voz que é estorvo e carinho:
– Vovó! Dormindo de novo?!
– Não! Não estava dormindo!
Só estava recordando…
– Lembrar pode doer, vovó…
– Querida,
já tenho idade para saber
que toda saudade
combina dor e prazer…)

Saudades
da dona do dedo
que apontava o santo,
o dragão,
o caminho…

A lua, as estrelas, o céu,
o jardim…
nunca mais serão os mesmos…

(- Vó, vamos entrar…
A noite está ficando muito fria…)

ju rigoni (2002)

Para Dora, minha inesquecível avó materna.

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  1. 27/06/2010 às 17:31

    legal!!!!!!!!!!

  2. tieli marti
    19/07/2010 às 11:15

    uito legal amei
    eu amo minha avó

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